segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

CÂNCER: por quê?

CÂNCER: por quê?
Essa pergunta ainda intriga médicos, cientistas e pacientes. Apesar dos avanços consideráveis no tratamento e no diagnóstico desse mal, os especialistas ainda não têm respostas definitivas sobre a sua gênese

O organismo humano passa por uma renovação constante. Isso porque a maioria de seus 100 trilhões de células têm prazo de validade. Nesse meio-tempo, obedecendo a comandos moleculares, essas unidades microscópicas se dividem, dando origem a novos exemplares. Mas alguns deles podem sair da linha de montagem com defeito de fabricação. As células defeituosas, no entanto, costumam ser pouco longevas. O organismo dispõe de vários mecanismos para eliminá-las, não permitindo que elas se reproduzam, explica o oncologista clínico Artur Katz, do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. E esses mecanismos fiscalizam uns aos outros, se complementando.
É como se fosse um controle de qualidade. Ele precisa ser perfeito, acrescenta o cirurgião oncologista Benedito Mauro Rossi, do Hospital A.C. Camargo, na capital paulista. Veja o caso das células do intestino, continua Rossi. Elas existem aos milhões e se renovam a cada 48 horas. Imagine esse processo continuamente? Daí a necessidade de uma monitoração constante do próprio corpo.
Dessa forma, uma célula recém-saída do forno e que foge aos padrões de excelência, com profundas alterações em seu material genético, se autodestrói. Esse suicídio celular, conhecido como apoptose, vem à tona graças a uma série de reações deslanchadas por uma proteína encontrada no núcleo, a p53. Só que, por algum motivo, todo esse esquema de proteção às vezes entra em pane e a célula defeituosa começa a se multiplicar loucamente. É a gênese do tumor. Mas por que isso acontece? E por que algumas pessoas desenvolvem câncer e outras não? Como preveni-lo?
O neuropsiquiatra francês David Servan-Schreiber foi atrás de algumas respostas para essas questões. Servan-Schreiber lançou na França, no segundo semestre do ano passado, o livro Anticancer (Éditions Robert Laffont) anticâncer, em português , obra que já vendeu quase 800 mil exemplares por lá. Aos 46 anos, ele descobriu que tinha um tumor cerebral aos 31, no auge de sua carreira científica. Quase duas décadas mais tarde e depois de uma recidiva, o neuropsiquiatra mergulhou numa série de estudos sobre a doença e chegou à conclusão de que hábitos como a alimentação e afins, mais do que os genes, são os grandes responsáveis pelo crescimento de casos de tumores, sobretudo nos países ocidentais. Servan-Schreiber cita os resultados de um trabalho dinamarquês para comprovar sua tese.
DE PAI PARA FILHO?
Publicada no periódico americano The New England Journal of Medicine, a pesquisa analisou os dados genéticos dos pais biológicos de mais de mil crianças adotadas e constatou: ter herdado os genes de pai ou mãe natural mortos de câncer antes dos 50 anos não influencia tanto o risco de desenvolver o mal. Na verdade, os cientistas têm demonstrado que essa possibilidade é de 15%. Por outro lado, a morte de um pai adotivo (que transfere seu estilo de vida, mas não os genes) em razão de um tumor multiplica por cinco a probabilidade de o filho sucumbir ao mesmo problema, escreve o autor.
Assim sendo, também baseado em evidências científicas, Servan-Schreiber descreve em seu livro estratégias para tentar prevenir tumores ou, no caso de quem já enfrentou um, para evitar uma recaída. Elas vão de ajustes na dieta, com ênfase no consumo de substâncias que afastam o mal, até o papel das emoções tudo para reforçar nossas defesas naturais contra a doença.
A maioria dos oncologistas está de acordo que, sim, os hábitos, principalmente o tabagismo, têm um grande peso na conflagração da enfermidade. Mais de 90% dos casos de câncer de pulmão estão relacionados com o cigarro, revela o oncologista Luiz Augusto Maltoni Júnior, coordenador de assistência do Instituto Nacional de Câncer. A ingestão de carnes processadas, como salame e mortadela, também representa um perigo para o intestino. Se o consumo for diário, e dependendo de sua proporção no cardápio, aumenta-se de 30 a 40 vezes o risco de tumores nesse órgão, diz Benedito Mauro Rossi. O motivo: conservantes como os nitritos, presentes nesses alimentos, agridem as mucosas intestinais.
Exagerar nas porções de gordura também não é nada bom. Isso porque o intestino passa a trabalhar mais lentamente, o que facilita a absorção de substâncias cancerígenas, explica o oncologista clínico Francisco Miguel Correa, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. Além disso, quando esse órgão não trabalha direito, as fezes ficam em maior contato com suas paredes, outro fator que ajudaria a disparar a doença nesse órgão.
Já virou lugar-comum, mas a obesidade, fator de risco para um sem-número de problemas, também elevaria o risco de câncer. Quem tem muitos quilos a mais costuma desenvolver resistência à insulina. Quer dizer, grande quantidade desse hormônio fica circulando sem conseguir realizar sua função primordial, que é botar o açúcar para dentro das células. Em excesso e mal utilizada, a insulina favorece o crescimento celular em geral, revela Benedito Mauro Rossi.
O PAPEL DAS EMOÇÕES
O neuropsiquiatra David Servan-Schreiber acredita que o estresse emocional pode contribuir para o surgimento de um câncer, mas não causá-lo em si. Um quadro depressivo muitas vezes mina o batalhão de defesa do corpo, disseram em quase uníssono os especialistas.
A observação é empírica, mas constato que os pacientes que se entregam à doença geralmente apresentam mais complicações, diz Luiz Augusto Maltoni Júnior. Não se deve temer o diagnóstico, mas, sim, estar predisposto a seguir o tratamento. Afinal, as taxas de sucesso chegam à média de 50%, considerando todos os tipos de tumor. Infelizmente, ainda não é possível falar em cura. Até porque não se trata de um único mal, mas de um conjunto de mais de 100 doenças. A melhor arma é velha conhecida: submeter-se periodicamente a exames preventivos, como a mamografia e o toque retal, para flagrar o inimigo enquanto há grandes chances de controlá-lo.
DIVIDIR PARA MULTIPLICAR
Células cancerosas presentes na bexiga se encontram no estágio final de divisão. Esse tumor é mais comum nos homens. Seus principais fatores de risco são o histórico familiar, o tabagismo e a exposição a certos compostos químicos
ATAQUE E DEFESA
Três linfócitos T se ligam à superfície de uma célula maligna. Em seguida, esses glóbulos, que integram a tropa de choque do sistema imune, disparam um sinal para outras células de defesa darem cabo do exemplar canceroso
O TUMOR NA HISTÓRIA
Coube aos egípcios o pioneirismo dos relatos sobre o câncer. Casos de tumores de mama tratados com cauterização foram descritos em papiros. Há divergências sobre as datas desses registros (3000 a.C-1500 a.C). Dá para deduzir que esse tratamento era paliativo, o que indica o provável grau de extensão da doença, conta Mauricio Monaco, gerente médico de grupo de produtos do laboratório Pfizer.
ESTRATÉGIAS ANTICÂNCER
Veja o que propõe o neuropsiquiatra David Servan-Schreiber para barrar o mal. O mix sugerido por ele contribuiria para reduzir inflamações associadas à doença e reforçar as células de defesa:

• Quando possível, tente evitar produtos químicos. Por exemplo: depois de lavagens a seco, deve-se deixar arejar as roupas antes de guardá-las no armário.
• Consuma de preferência alimentos orgânicos e reduza a ingestão de açúcar, farinhas refinadas e fontes de ômega-6, como o óleo de girassol.
• Incremente o prato com alimentos ricos em ômega-3, como o salmão.
• Exercite-se de 20 a 30 minutos por dia e tome sol por pelo menos 20 minutos, o que ativa a produção de vitamina D.
• Purifique a água da torneira com um filtro de carbono ou beba água mineral.
• Libere-se do sentimento de impotência tente resolver os traumas passados, aprenda a aceitar seus sentimentos e tente encontrar uma pessoa com quem possa compartilhar suas emoções.

OS TIPOS DO PROBLEMA
As várias formas da doença são classificadas da seguinte maneira:
CARCINOMA trata-se de um tumor que se desenvolve na pele ou nos tecidos que recobrem os órgãos internos.
SARCOMA esse tipo de câncer acomete ossos, cartilagem, tecido adiposo, músculos e vasos sangüíneos.
LEUCEMIA origina-se na medula óssea, a encarregada de produzir componentes do sangue, como glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas. Esse tumor deflagra o surgimento de um grande número de células sangüíneas defeituosas.
LINFOMA E MIELOMA são tumores que eclodem nas células do sistema imune, já fora da medula onde foram produzidas
TUMORES DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL desenvolvem-se no cérebro e na medula espinhal.
O SUICÍDIO Esta célula com câncer está se autodestruindo. Trata-se do que os especialistas denominam de apoptose, uma espécie de morte programada. Esse processo normalmente ocorre quando uma célula se torna velha ou, por algum outro motivo, é danificada.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

O ranking do barulho

O ranking do barulho
A poluição sonora é produzida por fontes de vários tipos – de um motor de carro à turbina de um avião.
Confira abaixo os ruídos que podem ser mais do que um simples incômodo e aqueles que são totalmente inócuos:
Turbina do avião a jato: 140 decibéis
Arma de fogo: 130-140 decibéis
Cortador de grama: 107 decibéis
Latido de rottweiler: 105 decibéis
Shows de Rock, com distância de 1 a 2 metros da caixa de som: 105-120 decibéis
Furadeira: 100-105 decibéis
Piano tocando forte: 92-95 decibéis
Boeing 737-700 decolando do aeroporto de Congonhas, a 100 metros de distância: 91 decibéis
Pátio do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro: 80-85 decibéis
Avenida movimentada: 85 decibéis
Bronca: 84 decibéis
Motor de um ônibus municipal: 82 decibéis
Tráfego pesado: 80 decibéis
Automóvel (passando a 20 metros): 70 decibéis
Limite estabelecido pela Organização Mundial de Saúde: 55 decibéis
Conversação a 1 metro 50: 60 decibéis
Sala silenciosa: 50 decibéis
Área residencial à noite: 40 decibéis
Telefone: 40 decibéis
Passos: 35 decibéis
Falar sussurrando: 20 decibéis