terça-feira, 29 de maio de 2007

Computador expõe crianças a lesões musculares

Sedentarismo e tempo abusivo diante das máquinas podem levar ao "envelhecimento" precoce de ossos e músculos. Uma geração de crianças e adolescentes que cresce familiarizada a palavras como mouse, internet, CD-ROM e DVD ainda não aprenderam a utilizar o computador de uma forma que não traga prejuízos à saúde. As máquinas espalham-se pelas escolas, e pais instalam o último modelo em casa sem qualquer adaptação para o universo infanto-juvenil. A preocupação foi um dos temas discutidos no último Congresso da Associação Internacional de Ergonomia, em Maastrich-Holanda 2006, que movimenta especialistas também do Brasil. A chamada é para a necessidade de padronizar uma orientação. O problema principal do mau uso do computador por jovens e crianças são os efeitos futuros, afirmam os especialistas. "A possibilidade teórica é que o uso abusivo levaria, no futuro, a um "envelhecimento" precoce de ossos e músculos", explica Maria Helena Kiss, livre-docente da Universidade de São Paulo e especialista em reumatologia infantil. O sedentarismo associado ao uso abusivo do computador prejudica a formação de massa óssea e muscular, o que pode trazer precocemente prejuízos como dores nas costas e nos tendões, típicas da terceira idade. Essa questão é fundamental em uma sociedade cada vez mais informatizada. O tempo de navegação do brasileiro na internet aumentou 3h20 de janeiro de 2006 a 2007. O internauta brasileiro passa, em média, 21 horas e 20 minutos navegando na internet por mês. São consideradas usuários ativos as pessoas que acessam a rede ao menos uma vez por mês de casa. O recorde de tempo de navegação é de dezembro de 2006, quando o internauta brasileiro passou 21 horas e 39 minutos na média do mês. A França, com tempo médio por internauta residencial de 20 horas e 55 minutos, os Estados Unidos, com 19 horas e 30 minutos, Alemanha, com 18 horas e 56 minutos, o Japão, com 18 horas e 31 minutos e o Reino Unido, com 18 horas e 29 minutos, foram os países que mais se aproximaram do Brasil, entre os dez medidos com a mesma metodologia.
O número total de pessoas com acesso residencial à internet no país permaneceu em 22,1 milhões de brasileiros, 10,7% maior que o mesmo período de 2006. Esse exemplo dos jovens e adultos é facilmente imitado pelas crianças que se espelham nos mais velhos para definirem quem serão no futuro. Lamentavelmente as bricadeiras e jogos de ruas foram substituidas por games cada vez mais viloentos deixando a criança por horas e horas em frente ao monitor, prejudicando não só a parte fisica mas também emocianal, criando um perfil de isolamento. Para o ortopedista Sérgio Bruschini, que já atendeu crianças com dores no pescoço e nas costas devido ao uso do computador, a principal causa dos problemas de saúde relacionados às máquinas é o tempo gasto na frente da tela. Segundo ele, as crianças já adotavam posturas erradas ao escrever nas cadeiras escolares, ao brincar de botão, ao aprender piano. Mas isso era compensado pela prática de outras atividades, como natação e futebol. "A utilização moderada não leva a má postura ou lesão de esforço repetitivo. O problema é quando eles viciam em jogos e passam horas no computador", diz Bruschini, autor do livro "Ortopedia Pediátrica - do Nascimento à Adolescência". O adolescente D., 15, se enquadra nesse perfil. Ele usa o computador cerca de dez horas por dia, há três anos, e não pratica nenhuma atividade física. Aos sábados, costuma passar até 13 horas seguidas jogando em lan houses (lojas para jogos em rede). "Ele está obeso e desenvolveu cifose (um tipo de desvio na coluna) devido aos maus hábitos", afirma a tia, que é fisioterapeuta. "Dizem que jogar demais trava os dedos, mas eu nunca senti nada", contesta o jovem. Segundo Kiss, a maior "plasticidade" dos ossos e músculos de crianças e adolescentes pode explicar a falta de dores no presente. Além disso, a relação de "afetividade" com o computador pode fazer com que os sintomas não façam diferença.

Folha On Line e Associação Brasileira de Ergonomia.
Adaptado e redigido por Emerson Nolasco.

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